Kink self-care para perfecionismo emocional – 7 passos para transformares o teu diálogo interno

by | Mar 25, 2025

Tens uma voz na tua cabeça que nunca está satisfeita?
Que critica cada detalhe, exige perfeição e não aceita menos do que o máximo? Em vez de lutar contra ela, que tal treiná-la para se tornar a tua Dominatrix pessoal? A mestra do desejo, a senhora do controlo, aquela que conhece os teus limites melhor do que ninguém e os expande com prazer. Mas primeiro, vamos encontrá-la:

Falarias com os outros da mesma maneira que falas contigo?

Como é a primeira voz que te chega à cabeça quando pensas sobre isto? É a tua ou de outra pessoa? É uma voz masculina ou feminina? Mais velha ou mais jovem? É judgy, vítima ou neutra? E essa mesma, com que frequência aparece? Calma, não vamos entrar em terrenos freudianos – o que seria, mas esta reflexão é um convite para olhares para o teu diálogo interno, especialmente no que diz respeito ao perfecionismo emocional.

Refiro-me especificamente ao tipo de diálogo interno que nos cobra pelo que temos e não temos, exigindo que as nossas emoções sejam “perfeitas” – como se existisse uma forma certa de sentir, reagir ou de ser. Neste texto, vamos explorar como esse perfecionismo emocional pode nos afastar do prazer de nos cuidarmos e como podemos transformar essa relação interna em algo mais saudável e empoderador, quem sabe, sexy!

Sabias que tinha um nome?

O perfecionismo emocional refere-se à pressão interna para sentir e expressar emoções da “forma certa”, como se existisse um manual invisível que ditasse exatamente como reagir em cada situação – sem exageros, sem indiferença, sem erros. O que motiva esse traço pode ser a crença de que, ao controlar perfeitamente as nossas emoções, conseguimos evitar rejeições, conflitos ou desilusões.

Provavelmente, trouxemos isso de pequenos, pois, se antes não entendíamos por que os adultos nos queriam de um jeito que não era o nosso, hoje somos nós os nossos maiores críticos… Relatable? Para os seguidores do IS, sim!

Perguntamos no nosso Instagram sobre como se manifesta o seu perfecionismo emocional e estas foram as respostas mais comuns:

  • “Sou demasiado exigente comigo e com os outros.”
  • “Sinto-me sempre culpada pelo que faço e pelo que deixo por fazer.”
  • “Tenho vergonha do que digo.”
  • “Evito expressar o que penso ou sinto para não incomodar ou ser mal interpretada.”

Spoiler allert; o perfecionismo emocional raramente nos impulsiona a melhorar – mesmo quando o faz, nunca é suficiente, né?.. O que ela faz na maioria das vezes é nos deixar bloqueades. Em vez de nos motivar, leva-nos a evitar desafios e a ficar à espera de um momento ideal que é incerto.

Porque misturei a minha kinkiness com o meu auto-cuidado

Eu sou exigente comigo mesma e admito que não quero abdicar totalmente disso. Esse desejo de me auto-controlar equilibra-se com o meu outro desejo de me perder e libertar. Eu não odeio ser exigente, mas já me magoei com isso – e não acredito que essa seja uma exigência saudável.

Um dia, pensei nisso de uma maneira que transformou completamente a minha voz interior — ou melhor, foi transformando. E hoje, quando ela aparece, já não a entendo como uma inimiga, mas como uma versão muito íntima minha que quer o meu maior prazer.

É que antes a minha voz interna não era clara, nem tinha regras definidas. Algumas, se eu pensasse bem, nem sabia de onde vinham. Do género, podiam fazer sentido para o meu avô, mas porque raio estou eu a querer ser ou fazer algo para o meu avô? You know. É muita mistura de pessoas que queremos agradar, e, para este exercício, foi necessário permitir-me imaginar quem ou como eu gostaria realmente de ser. Precisava de a personalizar para que se tornasse útil.

E por isso decidi transformar a minha exigência interna numa dominadora de látex. Não porque eu queira ser uma, mas porque quero ter uma na minha vida, sei lá, para ir beber uns copos à sexta…

Enfim, ela desafia-me, em vez de julgar de graça, e eu reconheço o seu propósito: o meu crescimento. Quer que me supere, que me cuide, que explore o meu potencial para que um dia essa sexta de copos chegue. E, o mais importante de tudo isto, ambas sabemos que disciplina sem recompensa não é disciplina – é castigo.

A ideia de fazer um total makeover à voz da minha cabeça vem da aceitação de que não vou, nem quero, eliminar a minha auto-exigência. Eu preciso de a moldar ao meu crescimento.

Aqui vão alguns passos para personalizares a tua também, num tom mais kink se quiseres, mas podes criar a tua versão como um xerife, uma princesa ou um apresentador de talk showwhatever que sintas que te ajuda a gostar de estar na tua cabeça.

7 passos para transformar o teu perfecionismo emocional numa dominatrix sexy

💋 1- VESTE-A PARA O PAPEL: A tua voz crítica já tem poder sobre ti, então dá-lhe uma identidade que te sirva. Quem é a treinadora que realmente te desafia? Visualiza-a: confiante, objetiva, disciplinada.

💋 2- ENSINA-A A DAR ORDENS, NÃO A REBAIXAR: Treina a tua voz interna para ser específica e desafiante, sem ser cruel. Em vez de “Isto está péssimo”, transforma para “Quais são os três pontos que podes melhorar?”. As suas críticas devem ter um objetivo maior por trás que devem puxar o teu maior potencial e nunca te deixar arrumade. 

💋 3- DEFINE UMA SAFEWORD: Exigir mais de ti pode ser produtivo, mas até certo ponto. Define um sinal de paragem para quando a tua voz interna estiver a puxar demasiado. Se a motivação se transforma em exaustão, precisas de saber quando dizer basta. Respeitar o teu limite é uma forma de cuidado.

💋 4- RECOMPENSAS SÃO ESSENCIAIS: Uma boa Madam equilibra disciplina com reconhecimento. Garante que a tua voz interna não se esquece de celebrar os avanços. Pequenas vitórias merecem validação. Se ela só exige e nunca reconhece o progresso, ajusta o tom.

Perfecionismo emocional

 

Good Girl 😌

💋 5- O PRAZER ESTÁ NO PROCESSO: O foco deve estar na evolução e nos pequenos passos que a constituem. Assim como no sexo, quem aprecia não se concentra apenas no orgasmo, o prazer encontra-se no caminho até ele. O processo deve ser desafiante, mas também gratificante.

💋 6- O CÓDIGO DE CONDUTA: A tua voz interna deve seguir regras claras, como, por exemplo:

✖︎ Nunca desmotivar.

✖︎  Nunca desvalorizar os teus esforços.

✖︎  Nunca impor padrões inatingíveis.

✔︎ Desafiar-te com precisão.

✔︎  Ensinar-te a crescer com prazer.

✔︎  Respeitar os teus limites.

Faz o teu próprio código de conduta, de diálogo interno e revisita-o as vezes necessárias.

💋 7- TU TENS A PALAVRA FINAL: No mundo do BDSM, uma das frases mais populares é que o submisso detém o poder final. Porque, no fim, é ele quem define os limites, dá o consentimento e pode parar o jogo a qualquer momento. O mesmo acontece com a tua voz interna. Ela pode desafiar-te, testar-te, empurrar-te para além do confortável – mas nunca sem o teu consentimento. És tu quem impõe as regras, quem dita o ritmo, quem mantém o verdadeiro controlo.

 

Personalizar a tua voz interna não é mais uma romantização oca, é uma forma de garantir que o teu auto-cuidado é uma prática que realmente te serve. Quando a tua dominatrix interna – ou qualquer outra persona que atribuas ao teu dialogo interno – trabalha a teu favor, o auto-cuidado deixa de ser um fardo e passa a ser um ritual que te nutre de verdade como só tu precisas.

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