Nos últimos anos, uma teoria bizarra tem circulado pelas redes sociais: muitas relações acabam após uma viagem ao Porto. O fenómeno, apelidado de La Maldición de Oporto, que é como quem diz em português A Maldição do Porto, viralizou no TikTok e chegou até à imprensa espanhola, onde se debate se a cidade Invicta tem algum feitiço romântico — ou se simplesmente serve como um teste à resistência dos casais.

Mas e se, em vez de uma maldição, o Porto fosse o palco de uma cura necessária? Num país onde eventos imersivos sobre sexualidade são raros – ou simplesmente deixaram de existir… –, a cidade recebe, de 28 a 30 de março, um congresso que vem sarar um pouco mais o coração da saúde sexual portuguesa, relembrando todos os profissionais interessados no tema que ainda há muito espaço a iluminar.

O IN2U – Congresso sobre Saúde Sexual, Reprodutiva e Mental – chega para preencher essa lacuna, trazendo um olhar atual, inclusivo e essencial sobre temas que atravessam a complexidade humana.

Lê-se em inglês in too you, algo que não se traduz diretamente para o português, mas que sugere interesse, proximidade, conexão. E talvez seja essa a pista: há conversas que precisam ganhar vida também em Portugal, na nossa língua, no nosso contexto.

 

De 28 a 30 de março, a Escola Superior de Saúde do Porto transforma-se no epicentro daquele que já é um dos eventos mais inovadores do ano: o IN2U.

Organizado pela Associação de Estudantes da Escola Superior de Saúde do Porto (@aeessporto), este congresso pretende capacitar futures profissionais de saúde com ferramentas essenciais para a educação e abordagem destes temas fundamentais. No entanto, o evento é aberto a toda a comunidade estudantil e a quem se interessa por estas questões.

O IN2U surge como resposta a uma realidade preocupante.

Pelas redes sociais do evento, têm sido relembrados dados que, apesar de já conhecidos, por vezes passam despercebidos: 20% da população portuguesa sofre devido à sua sexualidade, e as infeções sexualmente transmissíveis continuam a aumentar.

A equipa organizadora – Nuno Almeida, Pedro Nunes e Letícia Fernandes – dedicou os últimos meses a construir um programa dinâmico, com especialistas, debates e momentos de partilha. Ao longo do fim de semana, a Invicta será palco de conversas essenciais, abordando desde consentimento, ISTs, pornografia não consentida e aborto, até à inclusão da sexualidade em contextos de deficiência e neurodiversidade.

Também temas mais específicos de comunidades como a kink e queer terão espaço nesta discussão tão necessária. Além disso, o evento traz para o debate fenómenos digitais atuais, com uma mesa-redonda com Más Influências, Bruna Magalhães e Mia Fernandes, e uma talk com Sincera Mente sobre o impacto sociocultural da arte Drag.

O que esperar?

Ao longo de três dias intensos, os participantes poderão contar com:

✔️ Palestras com especialistas reconhecidos

✔️ Painéis temáticos como “End the Stigma” e “Sex for Everyone”

✔️ Workshops práticos sobre contraceção, defesa pessoal e fertilização in vitro

✔️ Cinema

✔️ Kit participante (com surpresas 👀)

✔️ Coffee Breaks para repor energias

✔️ Certificado de participação

O evento também trará discussões poderosas sobre o stealthing e o abuso sexual, com a participação de Liliana Cunha, artista e ativista também conhecida como Tágide, que em 2024 tornou pública a sua denúncia de violação e stealthing no contexto da comunidade de músicos de jazz em Portugal. Além disso, contará com um painel sobre pornografia não consentida, dinamizado pela conhecida Associação Não Partilhes.

Consulta toda a informação sobre o evento e os bilhetes aqui.

 

Mais do que um evento, um reminder.

Nada substitui o poder de estarmos juntes—nos detalhes dos gestos, no olhar, na conversa que se aprofunda sem filtros ou distrações. O digital informa, mas são os encontros que transformam.

Eventos como o IN2U não são apenas espaços de aprendizagem, são catalisadores de mudança real, onde as ideias deixam de ser apenas conteúdos e passam a ser experiências vividas.

Nos próximos dias, vamos trazer mais sobre esta experiência e mergulhar no impacto que um congresso assim pode ter. Porque falar sobre saúde sexual não pode ser só um tema de feed.

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