Bem-vindes à Sexy Talk com Angel 💋
Foi na altura do Natal, enquanto escrevia sobre os benefícios de deixar as expectativas familiares de lado, que dei por mim a dar repeat num TikTok da Angel. Ela escrevia sobre não culpar os nossos cuidadores e assumir o controlo das nossas vidas. Era exatamente o que eu precisava de ouvir.
A presença digital da Angel sempre foi uma referência para mim. Quando me sentia perdida entre álcool e fumaça, não via nela alguém a fazer o mesmo, mas alguém que, mesmo atravessando os mesmos caminhos, conseguia manter uma consciência além. Ela sempre foi sobre amor puro, nunca foi outra coisa. Já a vi em várias fases e fico feliz por continuar a acompanhá-la nesta que, sem dúvida, é uma das mais brilhantes.
Sei que ela é uma inspiração para toda uma geração que viveu o trap no início das festinhas do It’s a Trap, a obsessão pelo rosa, altares da Hello Kitty e unhas que são obras de arte. Ela é a real coração puro com carinha de malvada, e toda a gente o sabe.
Esta conversa era inevitável. Espero que adorem. ☆゚. * ・ 。゚.
INSEGURANÇA SOCIAL: Hey sexy, o que te fez perceber que assumir a responsabilidade de cuidar de ti mesma era essencial e que precisavas mudar a tua forma de cuidar de ti?
ANGEL: Ao longo da minha vida houve uma grande desconexão com as minhas próprias emoções, até tarde sempre fui muito fechada com o que sentia, sempre tive que guardar tudo para mim por ter crescido num ambiente que emocionalmente não havia um porto seguro para expressar o que sentia e ser eu mesma, e quando tentava, acabava sempre por virar um problema, isso fez me acreditar que expressar o que sentia não era uma opção, em que acabou por ter um grande impacto nas minhas emoções, e até mesmo ao ponto de não entender o que realmente sentia. O que resultou num bloqueio e desconexão das minhas próprias emoções.
Eu guardava tudo para mim e para não sentir todo esse peso e emoções, eu queria estar sempre numb, bebia todos os dias, xanax, entre outras coisas para evitar sentir, e isso fez-me distanciar de mim mesma. Foi um processo longo para entender que precisava de me conectar comigo mesma, auto descobrir me e assumir responsabilidade pelas minhas emoções e aprender a sentir sem medo.
Ver-me a viver da forma que eu estava a viver a autodestruir-me, e rodear-me de pessoas que faziam o mesmo, foi o que me fez querer mudar toda a forma que vivia, 360 e começar no processo de redescobrir-me, quem realmente sou, a minha verdadeira essência, que estava perdida, reprimida e adormecida toda a minha vida.
INSEGURANÇA SOCIAL: Ao cuidar da nossa criança interior, é comum que mágoas familiares nos revisitem. Como lidas com essas dores sem cair na culpa ou no ressentimento em relação aos teus cuidadores? Que conselho darias a quem está a passar por esse processo de cura?
ANGEL: Durante muito tempo, eu senti um ressentimento aos meus cuidadores, and sometimes i still do, é um processo contínuo. Quando lido com esse sentimento tento lembrar-me que eles estavam a fazer o melhor que podiam, de acordo com a experiência, educação e realidade deles, não estavam a agir com a intenção de prejudicar-me, e sim com base nas coisas que aprenderam e passaram na vida deles, isso ajuda-me a não cair nesse ressentimento, e também por saber que se eu me apegar a esse ressentimento vou ter muito mais dificuldade no meu próprio processo de cura, isso só me traz mais desconforto, e rancor que acabam por só me fazer mal a mim mesma. Cada caso é um caso, e o meu conselho, no geral: é importante não procurar meter culpas, todos nós estamos a passar pelo nosso processo de desafios, não nos deixar consumir com esse rancor que só nos corrói por dentro e, ao mesmo tempo, também é importante estabelecer limites mesmo com os nossos cuidadores.
INSEGURANÇA SOCIAL: Quando conversámos, mencionaste algo sobre perfecionismo emocional. Podes partilhar exemplos de como isso se manifesta na tua vida, de que forma te “molda” e como tens aprendido a lidar com isso?
ANGEL: Um exemplo de como se manifesta o meu perfecionismo emocional, há uns tempos quando estava em celibato e no momento que o quebrei, o meu primeiro impulso foi sentir culpa e achar que isso era algo negativo, pelo facto que eu tinha uma razão por detrás do meu celibato, mas, na verdade, só reforçou o que eu realmente quero para mim, tenho que me manter neutra nas situações que às vezes parto logo para algo negativo, quando posso usar essa situação a meu favor. Depois de ter analisado o porquê de me ter sentido assim no momento, essa situação ajudou-me a entender que i don’t need to be too harsh on myself, como o perfecionismo, às vezes me leva a fazer.
INSEGURANÇA SOCIAL: Angel, como distingues entre um deslize e um desvio dos teus valores?
ANGEL: O que aprendi é que um deslize é uma coisa pontual que não reflete uma mudança nos meus valores, que trás autorreflexão e algum aprendizado, o desvio dos meus valores, seria algo contínuo que não é uma vez por acaso, sendo recorrente sem qualquer remorso, a diferença está na intenção, um deslize tu procuras não repetir e reconhecer, e o desvio de valores continuas a agir da mesma forma.
INSEGURANÇA SOCIAL: Acreditas que terminar amizades pode ser um ato de auto-cuidado? Qual é a tua visão sobre isso?
ANGEL: Sim, acredito que pode ser um ato de auto-cuidado, muitas vezes ficamos presos a amizades, por medo de magoar a pessoa, pelo tempo de amizade, etc, mas se já não faz sentido, se há desrespeito, e não há mudança para melhor, é super válido terminar uma amizade, consoante o que tu procuras num relacionamento, se já não se alinha com o que tu queres para ti.
É tão importante ouvir a nossa intuição, ela nunca falha, e o nosso corpo também nos avisa sempre quem não é para nós, o nosso corpo tem sensações/ reações desconfortáveis (tipo cansaço inexplicável, desconforto no estômago, aperto no peito, tensão em alguma parte do corpo, frio na barriga etc). Na minha opinião amizades tem que ser baseadas em respeito mútuo, evolução e apoio, se esses elementos começam a falhar, é um sinal para reavalia-las, é super válido afastar ou terminar a amizade de acordo com isso.
INSEGURANÇA SOCIAL: Que outros rituais ou atitudes, muitas vezes subestimados pela sociedade, são, para ti, verdadeiros atos de auto-cuidado?
ANGEL: Acho que na sociedade, o ato de querer passar tempo sozinha é muito subestimado, e muitas pessoas pensam q é solidão/isolamento, quando, na verdade, é um dos maiores atos de auto-cuidado e autoconhecimento, estar sozinha permite que nos reconectar connosco mesmas. E uma coisa que hoje em dia entendo é que quando nos sentimos bem sozinhas, é que conseguimos construir relações saudáveis com os outros.
Outra coisa é filtrar o que consumimos nas redes sociais, na minha opinião o que consumimos tem um impacto direto na mente e no nosso bem-estar, acho que seguir contas que já não fazem sentido para nós, ou conteúdos que simplesmente já não se alinham com quem somos, pode ser muito draining, in my opinion o unfollow ou silenciar alguém não é sobre julgamento, mas sim sobre preservar a nossa energia e criar um ambiente digital que nos inspire e acrescente, tal como devemos manter o nosso quarto limpo para a nossa mente também estar limpa, o mesmo se adequa a social media, filmes, conteúdo, entertainment.
INSEGURANÇA SOCIAL: Deixa aqui uma mini love letter para os teus gatos.
ANGEL: A lover letter to my baby’s:
Meus anjinhos,
Com vocês eu aprendi o que é o amor incondicional, e o quão amor vem de ações e não palavras. Vejo o Universo cada vez que olho nos vossos olhos, sou muito grata e sinto-me more than blessed por ter-vos ao meu lado, sempre vos vou carregar no meu coração, com o amor mais puro que tenho dentro de mim, big snuggles and cuddles da mami.
💗
Quanto a vocês não sei, mas não confio cegamente em pessoas que não gostam de gatos e acho que a maneira como cuidamos dos nossos diz muito sobre nós… 😌
Conversar com a Angel é sempre um lembrete de que a verdadeira força vem da vulnerabilidade e do compromisso com o nosso próprio crescimento. Ela confirma que amadurecer não significa perder a magia e a liberdade da juventude, mas pelo contrário cuidá-la bem e deixar que se transforme a ela e a nós.
Se esta conversa te inspirou, acompanha mais do trabalho da Angel aqui. 💗✨
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